Serenidade

Sensibilidade...

19 fevereiro 2008

Fios entrelaçados

(Foto de Serenidade)




Avalanche rodopiante do dia,
de fios enublados escorregadios.
Ah partículas, encrostadas num templo perdido,
linhas que se prolongam em tecido esquecido.
Pergaminho sedoso marcado na delonga das horas,
volume que aumenta na passagem da roda.
Relutante é o círculo que se prolonga nos dias,
fazendo-se entre ensejos de temores e ousadias.
Bola de cândida gelo falseado,
galga o declive da imensidão enervado,
na correria das histórias sem sentido,
delineadas por uma pena de tinta enegrecida,
constroem-se ilusões, metamorfoseadas em realidades,
vêem-se realidades pesarosas, fruto de saudades.
Fios que se prendem a passados luzidios,
que se mostram a longo prazo de asfixia.
Estranha forma de viver, prolongar a harmonia fantasiosa,
das águas estagnadas que se tornam malcheirosas.
Ah rio que corres entre margens fluentes,
umas vezes lineares outras ondulantes.
Enroscas-te nos penedos que encontras,
trespassas os obstáculos que afrontas.
Teu destino é único e vasto.
Teu fado sempre brilhante,
Mesmo que, por entre as veredas impotentes,
brote sangue, entre feridas escarnecidas,
motivada por entes queridos, esquecidos,
da similitude dos fios que unem as sendas
das realidades na base das lendas.



"Se não conseguimos encontrar contentamento em nós próprios, é inútil procurá-lo noutro lado."

La Rochefoucauld



14 Comments:

At 19/2/08 02:39, Blogger Menina do Rio said...

Que lindo!
Corpos extasiados
onde o universo e o amor compactuam...
Um beijo sereno

 
At 19/2/08 08:31, Blogger Black Rose said...

Os fios que nos prendem ao passado têm de ser sentidos como condutores de uma tensão para alimentar o futuro...

Lindo...

 
At 19/2/08 08:35, Anonymous Anónimo said...

Natureza é natureza,quem melhor que uma Serenidade absoluta para a definir.
As imagens da vida vêem-se na forma de uma escrita singular, com sentido nobre e com norte.
Parece que de novo aqui e agora a alma voltou.


Sorriso grande

 
At 19/2/08 11:41, Blogger Nenúfar Cor-de-Rosa said...

Foste com o rio que de repente se transformou numa vida humana, acompanhaste-o e fizeste-nos ver com os seus prórprios olhos. Era bom que as águas dos rios fossem todas cristalinas como era bom que fossem as nossas próprias vidas. Bjs boa semana. P.S. é em nós de facto que reside a felicidade, s não a encontrarmos cá dentro será um desassossego constante.

 
At 19/2/08 18:40, Anonymous Anónimo said...

Nada acontece por acaso , o destino está traçado aconteça o que acontecer.
Beijito :)

 
At 19/2/08 18:50, Blogger Filipa said...

A vida é assim mesmo!

Hoje apenas vou deixar aqui uma frase que me tocou : "constroem-se ilusões, metamorfoseadas em realidades"!è o que sinto no momento :)

beijinhos com sabor a palavras soltas

 
At 19/2/08 23:41, Blogger A Professorinha said...

O rio do destino... sempre revoltosos, imprevisível...

Beijinhos

 
At 20/2/08 02:32, Blogger bono_poetry said...

plageio a minha vida anterior...
aquela em que eu nao pertencia a nada...aquela que eu dizia talvez me ame mais..talvez ame o sapo que encontrei ....
talvez eu seja poeira cosmica...talvez pedra..talvez seja o que nao fui...talvez margem de algum lugar qualquer...talvez o talvez...talvez o tal espaco hibrido sem ondas...talvez pedra ....talvez nada...talvez tudo...talvez...talvez..talvez...

 
At 20/2/08 19:04, Blogger oceanus said...

...esses fios são os fios da própria Vida...Lindo, Lindo!

Bjs do fundo do Oceanus

 
At 20/2/08 19:44, Blogger Luna said...

Todos precisamos de um fio condutor
E o principal é o que nos une a nós mesmos

Beijinhos
luna

 
At 21/2/08 20:12, Blogger Plum said...

Uma foto que adorei que se "entrelaça" com palavras cheias de alma!!!
Abraços!***

 
At 22/2/08 11:15, Blogger ... said...

Se não conseguimos encontrar contentamento em nós próprios, é inútil procurá-lo noutro lado."


Creio que esta frase resume a essência da felicidade.

beijinhos e bom Wk

 
At 22/2/08 15:04, Blogger Secreta said...

Bom fim de semana :)
Beijito.

 
At 22/2/08 16:01, Blogger Pepe Luigi said...

Sublime!
Almas e corpos arrebatados de enlevo num mundo em que o amor se compactua densamente.

 

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