Serenidade

Sensibilidade...

27 fevereiro 2008

Tropeço e caio

(Foto de Serenidade)


Tropeço e caio,
no abismo da loucura,
onde a ilusão permanece
e a realidade escurece.
Corro encurralada,
na prisão dos sentidos,
das sentenças não proferidas,
de um coração espavorido.
Acorrentada nas acções,
repetições flagelantes,
actos de um negro gritante,
na luz irradiada a cada instante.
Sacio a fome incompreendida,
da procura do bom sentir,
permanecendo, sem ir,
ao encontro de o já possuir.
Ávida na indagação
esqueço o viver,
que passa sem meu parecer,
analisando o são conviver.
Tropeço e caio,
no que vivo sem viver,
na ilusão da serenidade conquistar,
sem me permitir declarar.
Minha é a cegueira,
de me facultarem perene harmonia,
se não permito que meu rosto sorria,
na luz que, dia-a-dia, me envolve, luzidia.


"Vive de maneira a poderes aprender a amar (te) e ama de maneira a poderes aprender a viver."
Mirdad

23 fevereiro 2008

Um pouco de Céu

(Foto de Serenidade)


Procuro,
um pouco de céu em mim,
o azul que entre nuvens,
nem brancas, nem cinzentas, vislumbro.
No horizonte, minha vista semi-cerrada,
naufraga em águas límpidas.
Ausência de lúcida visão,
corpo que sente com emoção,
o céu e a Terra em união,
a Unicidade na vacuidade materializada,
energia que se declara fantasiada,
ilusão em tudo criada.
Cenários procurados são alquimia,
palavras e sentimentos na sentida harmonia.
Múltiplas as formas de representar,
fragmentos variados a apurar.
Uno fragmentos de mim,
procurados nos átomos do Cosmos,
na cogitação de um mutismo que não encontro,
de uma rubra controvérsia que afronto.
Procuro!
O Céu em mim, um pouco de azul.
Um arco-íris,
composto pela água salgada que brota luzidia,
saltitando no meu rosto anseia recitar bela melodia.




"O autoconhecimento é o conhecimento do Universo, porque o Homem é um microcosmos, é um resumo do Universo que o rodeia. O todo está contido em cada uma das partes. Cada pequeno átomo é uma miniatura do Sistema Solar. Quando o ser humano expande o seu conhecimento em direcção às Galáxias, está em busca do autoconhecimento."
Carlos Aveline

19 fevereiro 2008

Fios entrelaçados

(Foto de Serenidade)




Avalanche rodopiante do dia,
de fios enublados escorregadios.
Ah partículas, encrostadas num templo perdido,
linhas que se prolongam em tecido esquecido.
Pergaminho sedoso marcado na delonga das horas,
volume que aumenta na passagem da roda.
Relutante é o círculo que se prolonga nos dias,
fazendo-se entre ensejos de temores e ousadias.
Bola de cândida gelo falseado,
galga o declive da imensidão enervado,
na correria das histórias sem sentido,
delineadas por uma pena de tinta enegrecida,
constroem-se ilusões, metamorfoseadas em realidades,
vêem-se realidades pesarosas, fruto de saudades.
Fios que se prendem a passados luzidios,
que se mostram a longo prazo de asfixia.
Estranha forma de viver, prolongar a harmonia fantasiosa,
das águas estagnadas que se tornam malcheirosas.
Ah rio que corres entre margens fluentes,
umas vezes lineares outras ondulantes.
Enroscas-te nos penedos que encontras,
trespassas os obstáculos que afrontas.
Teu destino é único e vasto.
Teu fado sempre brilhante,
Mesmo que, por entre as veredas impotentes,
brote sangue, entre feridas escarnecidas,
motivada por entes queridos, esquecidos,
da similitude dos fios que unem as sendas
das realidades na base das lendas.



"Se não conseguimos encontrar contentamento em nós próprios, é inútil procurá-lo noutro lado."

La Rochefoucauld



14 fevereiro 2008

Imenso é o (A)mar...

(Foto de Serenidade)





Imersa, a borbulhar, a ternura,
índigo a cor que perdura,
envolta em raios reluzentes,
que me abraçam meigamente.
Olhos semicerrados contemplam
a força do (a)mar, o sentimento.
Corpo extasiado, não perde o vigor,
permite-se sentir o calor.
Fluidos que percorrem minha pele,
ondula compassivamente com a doçura do teu mel.
Ouvem-se rumores de doçura,
o Universo com o Amor compactua.
Coração irradia na epiderme os sentidos
escutam-se melífluos suspiros.
A força das ondas do oceano,
no meu sentir o preambulo,
tocam a suavidade quente do areal,
qual meu toque na tua tez, delicadeza colossal.
Vasto é o Cosmos em expansão,
diminuto meu canastro, na explosão,
dos corpos que se amam na pujança da emoção,
que irradiam felicidade, cumplicidadade no coração.
Risos soltos ao vento, galgam marés e montanhas,
percorrem as veredas singelas e belas,
visionadas na clareza dos sentidos,
um fado, duplo, fundido, numa vocalização percebido.
Imersa nos teus braços, quero me perder,
abordar cada pedaço de ti, até aparecer,
imersa na loucura borbulhante dos meus sentidos,
que tocam os teus, com a imensidão do meu carinho.






O Amor prevalece no coração do Homem, indefinidamente, quando não há julgamentos. Vamos Amar e deixar que nos Amem. O verdadeiro motivo dos acontecimentos da vida? Nada acontece por acaso.

Carla

06 fevereiro 2008

Manifesto amar

(Foto de Serenidade)

As veredas estreitas se alargaram,
dilatou a amplitude da cega visão,
as heras esgazeadas num tempo sem tempo,
retraíram ao compasso do coração.

Círio apagado, resplandece e aclara,
acompanhando os murmúrios ecoados,
num incomparável timbre percebido,
sonoridades das almas pares ressoadas.

A vereda luzidia ornou-se de passiflora,
rostos contidos pasmaram na contemplação,
as maravilhas da natureza, deveras patentes,
na manifestação esplendorosa, o amor em acção.

Encostada ao preambulo de um longo percurso,
antevi meu intento no longo andamento,
estimar e aclarar as veredas que se sobreponham
avistar intuitos luzentes, aprimorar o sentimento.

Por mais que as heras nos contenham a jornada,
as vincas se enrosquem impedindo a caminhada,
somos árvores robustas de lenho cicatrizado,
declarando nosso amor nesta selva, por nós, domesticada.





"Se não conseguimos encontrar contentamento em nós próprios, é inútil procurá-lo noutro lado"

La Rochefoucauld

03 fevereiro 2008

Palpita a inquieta inquietação

(Foto de Serenidade)


Âmago corpóreo, corroído, na inquieta fragrância,
agitaram-se os fluidos da louca correria, na distância.
Há um pronuncio de uma voz muda. A mente?
Falácia do eco do meu amar, evidente.
O céu proclamou disposições,
archotes dispersos na iluminação,
deuses submetidos ao preparo do festim,
de ensejos que se pretendem sem fim.
Encurta-se o tempo da demora,
contrai a separação nas horas dilatadas,
palpita nas vísceras ritmadas,
o encontro da inquietação inquietada,
na sublime defrontação das ritmadas passadas.
A convergência sentida, vivida,
transmuta-se na par direcção prosseguida.
Mesclam-se verbais partituras,
confundem-se os distintos murmúrios,
unem-se as vozes num só pronuncio,
o rumor do timbre do amar,
Universo assegura conquistar.



"Nada fortalece mais a vontade do que fazer diariamente algo de acordo com uma intenção firme e oposta ao que é habitual e aceite pelo ambiente."
Paul Brunton

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