Serenidade

Sensibilidade...

25 novembro 2007

Emudecido

(Foto de Serenidade)



Vibram as cordas da guitarra,
o sopro que engole a madrugada.
Timbre de duas vozes proferido,
num som ecoado, percebido.
Nota a presença da nota,
no lado esquerdo seu norte.
Aporta o timbre sonâmbulo,
onde estaria seu ângulo.
Daqui sai a plácida melodia,
age com que meu corpo sorria.
Vibram as cordas dos nossos gritos,
concebidos em suaves gemidos.

O sopro da súplica do mundo,
corre por descampados surdos,
tropeça nas serras enclausuradas,
cai pelas encostas íngremes disfarçadas,
aporta no vasto oceano negro, desfasado.

Correm meus fluidos,
na busca do silêncio,
do grito da Fénix,
Ser sem exigir ser,
Ter não impondo ter!

Soa o sangue que me corre nas veias,
clama pelo som da tua seiva,
impregnada ao canastro meu, sem casco.
Unos na dualidade do mutismo de nossos corpos,
permanecer, ouvir a ausência de Som do Cosmos,
contemplá-lo,
na unidade de nós buscá-lo,
impregná-lo,
cantá-lo.
O mutismo melodioso,
prodigioso.





"Enquanto estiver dominado pela angústia, ou pela indignação ou pelo horror, a minha capacidade de escolher está inibida. Aquilo que poderia ter a liberdade de escolher é a purificação, um regresso à inocência tornado possível pelo choque do que acontece quando não se acarinha a inocência."
Deepak Chopra


21 novembro 2007

Alienada

in Estação de S. Bento - Porto
(Foto de Serenidade)




Escurecida na exalação reprimida
de sentimentos obscurecidos num véu,
um matrimónio programado,
inconscientemente amado.
Exala a podridão da ambição
nas gentes que não vêm com coração.
Olha pelos olhos dos vagabundos,
felizes moribundos.
Observa a loucura,
na sequência da desordem, ordenada,
na luz contínua de um luar
que perdura na luz ilusória do dia solar.
Loucos os sadios, cegos da certeza,
que só vêm beleza.
Loucos os loucos observados
que por tudo, e nada, ficam fascinados.
Louca a cidade que me observa.
Louca eu,
na escuridão,
encontrar sã iluminação.
Vagueando por ti,
sentir-te em mim.
Olhar-te nos olhos
da tua aspereza,
ver tua beleza,que em mim é certeza.





"O Ciclo da Vida continua eternamente porque é o desejo de Tudo O Que É Conhecer-se a Si Mesmo na Sua Própria Experiência. Esta é a razão de toda a Vida."
Neale Donald Walsh

17 novembro 2007

Na vereda do verso

(Foto de Serenidade)





Ordenar as letras em vocábulos,
formar veras fábulas.
Arrumar as gavetas dos sentires,
que perduram nos versos,
de gotas de orvalho impregnados.
Em cada tecla pressionada,
uma fonte inesgotável de mim
que, só, aspira o ser amado,
num imortal verso, sem fim.
Nas palavras, soltas, arrumadas,
a modo de sentires extravasados,
o tormento do desassossego,
ordenado em alinhavados versos.
Ilusão observa a organização,
a comoção ditada pelo coração,
não é, não pode ser, esta seriação,
antes o alvoroço de um lado esquerdo,
que pretende tudo saber,
na imprecisão cegamente viver.
Sapiência tem a alma,
tudo crê, ama e facilita,
as letras desunem-se,
não precisam de ser expressas,
apenas sentidas,
não mais proferidas.
Os versos a ilusão,
da necessidade de proclamar,
a intenção de te viver
contigo em uníssono dizer,
palavras, sentimentos,
de mútua harmonia,
não mera fantasia.





"Amor, não é uma mera palavra que utilizo para te evocar, é sim, uma parca forma de declarar o que de sublime sinto por ti."


13 novembro 2007

Perfeita na imperfeição do ser...

(Foto de Serenidade)



Imperfeita flor de papel,
crepe encarnado enrugado,
aflora no começo da aurora,
o Sol raia no ser amado.

Imperfeita na dualidade,
consciência do limite do ser,
do não ser barco à deriva,
no teu estrado aparecer.

Imperfeita és, rosa rubra,
abrigando a doce paixão,
dilacerando suave mão,
alegrando vítreo coração.

Imperfeita flor, de papel,
pergaminho fino timbrado
doces palavras inscritas
manifestam o ser amado.

Imperfeita na dualidade da flor,
rubra de amor, rubra de dor.
aroma dulcíssimo, colorida paixão,
espinho no coração é fervor.

Dor de tanto te amar,
de longe te encontrar,
de te querer,
de sem ti adormecer.




"Quem começa a trilhar o caminho interior, ainda que o deixe, o pouco que tiver caminhado o ajudará a prosseguir por outros caminhos.
O bem nunca faz mal."

Teresa de Ávila

09 novembro 2007

Vestígios de ti

(Foto de Serenidade)



Vestígios de ti perduram
na ânsia de ao meu lado te ter
reviver o momento da união
não mais sentir devassa solidão.

Retiro forçado, vestígios detidos,
prisioneiros nas muralhas encantadas,
que te encerram na noite de meu luar,
que perduram no dia, suave clamar.

Indícios de voos nas asas do vento,
nos teus braços o suave abrigo,
teu regaço o alimento, doce ninho.

Vestígios de ti, delicados, perduram,
na noite longa, escura, a Lua é tua,
luar que irradia o Amor que perdura.



"Por que choras a perda do que em realidade te prendia?"
Trigueirinho


06 novembro 2007

Intemporal

(Foto de Serenidade)


Estreita era a distância,
entre mim e ti, a ocasião,
a um toque duma clave,
o agora risonho coração.

Segundos não têm tempo,
nos momentos sem duração,
revivem na sã lembrança,
fartos de venturosa emoção.

Fechados no cofre meu,
tocando doirado baú teu,
instantes repletos de amor,
partitura, nossa, bonita nasceu.

O olhar sem sal que o tolde,
na ausência da vã distância,
corações brilhando ao Sol,
sentindo igual fragrância.

Vivendo exacto momento,
perdura feliz lembrança,
do não haver distância,
num amanhã esperança.



“Não basta ouvirmos a mesma canção, é preciso cantá-la juntos…”
... eu canto...



Saudade de ti é intemporal...

Longa era a distância,
entre nós um pedacinho,
longa é a distância,
sinto-te com carinho.

Estás sempre comigo
mesmo meus escassos sentidos,
sendo um perverso empecilho,
entorpeçam teus bramidos.




"A maior parte dos seres humanos está concentrada
a maior parte do tempo em coisas que não têm
interesse nenhum."

Neale Donald Walsh



01 novembro 2007

Instante presente

(Foto de Serenidade)



Vivo o momento,
a esperança,
o desalento,
a alegria,
o medo…
Desorientada
vagueio,
sem rumo.
Uma vereda,
sem fundo.
Mudo,
o vazio ecoa.
Coração
repleto de Amor,
dor…
sua.
Voz apagada,
carimbo assolado,
selos distorcidos,
num lado esquerdo,
vivendo com Amor,
bem-querer sadio.



"Quando Aprenderes uma lição, tens de repeti-la até que a mente física consiga capturá-la; de outro modo, a lição não se torna parte da consciência."

Sri Aurobindo

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