(Foto de Serenidade)Nasci de um regato de água transparente,
corri nas pedras que gritavam de contentamento,
pronunciavam a opressão e a turbulência,
aprisionada na pujança da sua falência,
meus ouvidos surdos sentiam o som,
agastado na correria da pronunciada emoção,
rejubilavam pela passagem de mim,
que circulava aligeirada pró ilusório fim,
morri nos braços poluídos de uma confluência,
às gotas de salgadas águas que corriam, fiz reverência,
viajei amedrontada, para lá das nuvens amarguradas,
nas asas do anjo, que me esperava, docemente embriagado,
o licor dos Deuses bebi, no além ressurgi,
enfastiada com a beleza desvaneci,
vi o branco e o cinzento, vi a astúcia da criação,
vi a mestria, vi o Amor que o Homem tem no coração.
Tanto nasci, quanto morri,
nos braços do Amor sempre permaneci,
num fluir de atropelos perfumados,
sinto-os fétidos no instante apresentado,
sangram as feridas, lambo-as com amargura,
curo-as com o sabor adocicado do sangue que perdura,
procuro o fluir sadio na correnteza do sanguinolento rio,
liberto-me das amarras criadas, a jusante, tal a pureza do riso,
equilibro o meu ser, na criança que se esconde amedrontada,
nomeio-a orientadora na remanescente caminhada,
onde o Amor, a Alegria e a Liberdade haverão de perdurar,
para mais tarde um novo nascimento, pós morte, se dar.
" Encara os factos como uma criança pequena e está preparado para abdicar de todas as tuas noções preconcebidas. Segue humildemente todo e qualquer abismo a que a natureza te conduz, senão nada aprenderás."