Serenidade

Sensibilidade...

06 julho 2006

«Pedro e o fio mágico»

Acreditem, vale a pena perder apenas uns minutos para se deliciarem com uma história!
Pedro era um menino muito alegre. Toda a gente gostava dele: a família, os professores e os amigos. Mas ele tinha um ponto fraco. O Pedro não conseguia viver no presente. Não aprendera a apreciar o processo da vida. Quando estava na escola, sonhava em ir lá para fora brincar. Quando estava a brincar, sonhava com as férias de Verão. O Pedro passava os dias a sonhar acordado, sem tempo para saborear os momentos especiais que preenchiam a sua vida. Um dia de manhã, o Pedro estava a passear na floresta próximo da sua casa. Como se sentia cansado, decidiu descansar numa clareira e acabou por adormecer. Passados uns minutos apenas, ouviu alguém chamá-lo. «Pedro! Pedro!», gritava a voz estridente lá do alto. Quando abriu os olhos apanhou um susto ao ver uma mulher de pé à sua frente. Ela devia ter mais de cem anos e os seus cabelos brancos como a neve ultrapassavam, em comprimento, os ombros, como um cobertor de lã. Na mão enrugada, a mulher tinha uma bolinha mágica com um furo no meio, por onde passava um comprido fio dourado.
» Disse ela: «Pedro, este é o fio da tua vida. Se puxares o fio um bocadinho, uma hora passará em segundos. Se puxares com força, vários dias passarão em minutos. E se puxares com toda a tua força, meses, e até anos, passarão numa questão de dias». O Pedro ficou excitado com esta descoberta. «Posso ficar com ele?», perguntou. A velhinha baixou-se e deu ao menino a bola com o fio mágico.
»No dia seguinte, o Pedro começou a ficar irrequieto e entediado, durante as aulas. De repente, lembrou-se do seu brinquedo novo. Assim que puxou o fio um bocadinho, encontrou-se em casa, a brincar no jardim. Apercebendo-se do poder do fio mágico, o Pedro rapidamente se cansou de ser um menino de escola e desejou ser adolescente, com todas as aventuras que essa fase da vida lhe traria. Portanto, pegou na bola e puxou o fio dourado com força.
»De repente, ele era um adolescente, com uma namorada muito bonita chamada Eliza. Mas nem assim o Pedro estava satisfeito. Nunca aprendera a saborear o presente e a explorar as simples maravilhas de cada fase da vida. Em vez disso sonhava em ser adulto. Portanto, tornou a puxar o fio e passaram-se muitos anos num instantinho. Agora, ele transformara-se num adulto de meia-idade. Eliza era sua mulher e o Pedro estava rodeado de um bando de filhos. Mas o Pedro reparou noutra coisa. O seu cabelo, outrora preto retinto, começara a ficar grisalho. E a sua jovem mãe, que ele tanto adorava, tornara-se velhinha e frágil. Mas nem assim o Pedro conseguia viver o presente. Nunca aprendera a fazê-lo. Portanto, tornou a puxar o fio mágico e esperou que as mudanças acontecessem.
»O Pedro viu-se na pele de um homem de noventa anos. Os seus cabelos pretos e grossos estavam brancos como a neve e a sua jovem mulher Eliza também envelhecera e morrera uns anos antes. Os seus queridos filhos tinham crescido e saído de casa, para viverem as suas próprias vidas. Pela primeira vez em toda a sua vida, o Pedro percebeu que não parara para aproveitar as maravilhas de viver. Nunca fora à pesca com os filhos, nem dera um passeio ao luar com Eliza. Nunca plantara um jardim, nem lera um daqueles livros maravilhosos que a sua mãe adorava ler. Pelo contrário, passara pela vida a correr, sem nunca descansar para ver tudo o que havia de bom à sua volta.
»O Pedro ficou triste com esta descoberta. Decidiu ir dar um passeio pela floresta, como costumava fazer em criança, para esclarecer as ideias e consolar o espírito. Ao entrar na floresta, reparou que os pequenos rebentos da sua infância se tinham transformado em imponentes carvalhos. A própria floresta amadurecera e tornara-se um paraíso natural. Deitou-se numa clareira e caiu num sono pesado. Passado um minuto, ouviu alguém chamá-lo. «Pedro! Pedro!», gritava a voz. Ele olhou para cima, espantado, e viu que era precisamente a velhinha que lhe dera a bola com o fio dourado, há tantos e tantos anos. «Gostaste da minha prenda especial?», perguntou ela. O Pedro respondeu sem hesitação. «No início, achei-a divertida, mas agora detesto-a. A minha vida inteira passou-me diante dos olhos sem eu ter oportunidade de a aproveitar. Sim, teria vivido momentos tristes a par com momentos alegre, mas não tive oportunidade de viver nenhum deles. Sinto-me vazio por dentro. O dom de viver escapou-se-me por entre os dedos.» Disse a velhinha:«És muito ingrato mas, apesar disso, vou conceder-te um último desejo.» O Pedro pensou por uns instantes e, depois, apressou-se a responder: «Quero voltar a ser um menino de escola e tornar a viver a minha vida.» e adormeceu novamente. Acordou outra vez com uma voz a chamá-lo e abriu os olhos. «Quem será desta vez?», interrogou-se. E, de repente, viu a mãe junto da sua cama. Era jovem saudável e radiosa. O Pedro apercebeu-se que a estranha mulher da floresta lhe concedera, de facto, o seu desejo e que ele regressara à sua vida anterior. «Despacha-te Pedro. Dormes demasiado. Os teus sonhos vão fazer-te chegar tarde à escola se não te levantares imediatamente», repreendeu a mãe. Escusado será dizer que o Pedro se levantou de um salto, nessa manhã, e começou a viver a sua vida como esperara. O Pedro teve uma vida preenchida, cheia de deleites, alegrias e triunfos, mas essa vida começou depois de ele parar de sacrificar o presente em nome do futuro e decidir viver o momento presente.

Infelizmente, a história de Pedro e do fio mágico é apenas isso: uma história, um conto de fadas. Aqui no mundo real, nunca teremos uma segunda oportunidade para viver a vida na sua plenitude. Hoje é a oportunidade de despertar para o dom de viver… antes que seja tarde demais. O tempo esvai-se realmente por entre os dedos, como ínfimos grãos de areia. Permite que este novo dia seja o momento decisivo da tua vida, o dia em que decides, de uma vez por todas, concentra-te no que é verdadeiramente importante para ti… Pára de adira a tua felicidade me nome da conquista…

O Monge que Vendeu o seu Ferrari.

1 Comments:

At 6/7/06 23:59, Blogger A. Marinho said...

Muito bonita a história!!!
Essa história de mandar indirectas há-de acabar.... ;)
Bjs

 

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