volúpia

(Foto de Serenidade)

Percorro os sulcos da minha pele,
tacteio cada pedaço com a ternura que me impele,
a verbalizar a vontade que sejas tu,
a aventuraste na procura do baú,
do que tenho de mais precioso,
o que auguro auspicioso.
Acarinho cada bocado de mim,
concedo-lhe a malícia de um toque de cetim,
de um prazer secreto
num retiro desértico.
Sinto bem perto a aridez,
de uma estéril gravidez,
carregada de um deleite solitário,
alvo e esquecido num canto lendário,
numa melodia a duas vozes cantada,
num corpo dançado!
Percorro os sulcos do tecido que me veste
retiro-os para viajar até ao infinito celeste.

"O paraíso é poder dizer: cometi alguns erros, mas não fui covarde. Vivi a minha vida e fiz o que devia fazer."

in O Aleph de Paulo Coelho´

Retalhos

paixão

(Foto de Serenidade)

a minha pele toca a tua na penumbra de um suspiro,
percorro com a ponta dos dedos o tecido que te protege,
na procura do que já encontrei!
invoco a palavra desejo
para expor o que me fazes sentir,
embora seja mais que uma vontade imensa que me completes
nos escusos espaços que carecem de ti,
em mim!
procuro-te!
encontro-me na perfeição do abraço entrelaçado,
no toque sedoso do pernoitar enleado,
nos fluidos que se matizam, uma tela num festim,
prelúdio de uma iminente explosão, num silêncio com fim!
o luar teima em deixar a descoberto,
o grito surdo, no prazer, manifesto!

"Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre."

Anton Tchekhov

Retalhos

S. Valentim

(Foto de Serenidade)

Para que não te laceres em teu caminhar,
para que não te enfades de me procurar,
para que os mil e um passos que demos
nunca se fatiguem de me desejar.

Oferto-te neste dia,
mais um sinal de inigualável alegria
o meu sorriso presente
em cada palavra de benquerença iminente.

"Que queres que te diga,

além de que te amo,

se o que qeuro dizer-te

é que te AMO?"

Fernando Pessoa

Retalhos

estado embrionário

(Foto de Serenidade)

Metamorfoseei-me num nada,
esvaziei-me do todo!
Varri todos os cantos de conteúdo,
abri os cortinados,
iluminei os corredores camuflados.
Aos poucos comecei por adornar as prateleiras,
preenchi-as de um todo, no nada que fui,
glorifiquei os sorrisos no ninho que construí!
Vi a alegria no teu sereno rosto,
o teu olhar meigamente composto.
Virei a vida ao contrário,
Ficou em estado embrionário,
onde o tudo e o nada se fundem,
a alternância de emoções não confunde.

"Na vida não há prémios nem castigos. Somente, consequências."

Robert Green Ingersoll

Retalhos

Semente

(Foto de Serenidade)

Há uma vida adormecida,
inacabada, incompreendida,
que se quer incorporar no arco-íris
não apenas no anis.
Há uma semente semeada, faz tempo,
encontrou água e amor, sem contratempos!
Ainda não alcançou a luz do Sol e do Luar,
tampouco vi seu sorriso iluminar!
Possui amor como nutrientes,
um regaço sobremaneira quente,
quatro braços para a ameigar
vinte dedos desejosos de a tocar,
quatro ou mais pares de olhos para a apreciar,
duas almas afins a amar.
Brota vida que se faz tarde
para o pobre coação, que de ânsia arde,
vem ver a luz do meu sorriso
e a de quem para o qual já és um belo paraíso!

"Eu penso 99 vezes e não chego à conclusão alguma, mas,quando paro de pensar, surge a verdade."

(A. Einstein)

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